Sunday, February 04, 2007

"Sou a puta da melancolia não identificada. Do ser como uma incógnita. Tenho a vida a fugir-me entre os dedos deformados, não do trabalho, nem do tempo, mas sim do ser. Está feito. Foi tudo entregue ao que não existia. Quando se entrega algo ao que não existe nunca mais nos é devolvido. Ninguém sabe quem o entregou, nem sabemos quem o recebeu. O corpo treme. Pelo medo do que foi? Pelo medo do que nunca será? A respiração é inconstante como quando tens a boca ocupada. O cheiro é desconhecido. O ser não existe mais, e quando por segundos existe, foge-se dele. O mundo acabou. Quando a dor alastra por tudo quanto é sítio, o mundo acaba. Este, acabou.
(Não vai existir mais, um corpo contra o meu com o sentimento que outrora existiu. Não vai.)"
da Catarina Rocha, aquela tal que me percebe e que eu percebo.

1 comment:

Flunitrazepam said...

mas depois da chuva até no mais árido dos desertos acaba por nascer a mais bela das flores. E por onde a dor alastrou algo belo irá nascer. o tempo tratará disso *
mas entretanto é tempo de gozar a melancolia.. e que bem que ela sabe