Hoje acordar tornou-se uma tarefa difícil.
Tenho medo do amanhã e das surpresas que ele me pode trazer escondidas no bolso. Não gosto sequer de pensar que, daqui a três semanas, já não te tenho nos braços. Como bem quero. Quando bem quero. Não gosto das duas horas de carro nem dos vinte e sete euros de viagem. Não gosto do frio nem da tua despreocupação com o casaco. E se te constipas? Eu não posso ir tomar conta de ti, amor... Estou com pinguinho no nariz, secalhar a constipada aqui sou eu. Dás-me miminho? Estou carente e o Outono castiga-me e chama-me preguiçosa. Gosto muito da tua boca e da maneira como ela encaixa na minha alma. Vamos dançar? Desta vez sem álcool. É bom saber que daqui a três anos estás aqui outra vez. De vez. Quando é que vamos viajar? Estou a ficar com saudades tuas. Põe a mochila às costas e com a tua mão direita agarra a minha esquerda, e vamos embora.
E, se por ventura daqui a uma semana eu já cá não estiver, morro de peito cheio e de sorriso na cara, apenas e só porque me dei a ti e tu te deste a mim, e eu pude finalmente sentir o que é amar e ser amado.